desenho foda por Riick
- no capítulo anterior, Brom encontrou Vena no meio da mata sendo perseguida por um monstro, deu-lhe uma flechada no peito, e afugentou o animal, em seguida, seguiram para Erfenia.
Chapter II - Erfenia: A Cidade da Feitiçaria
- Os senhores, quem são? - diz o guarda do portão de Erfenia.
- O-olá, eu sou... - despreparada, Vena gagueja.
- Somos de Súria, senhor. Viemos como refugiados. – interrompe rapidamente Brom.
- Sim, sou Vena. E este é...
- Frederic.
- Podem passar, mas estaremos de olho em vocês. Estamos vivendo tempos de guerra, a cidade está um caos.
Os dois seguiram para o interior da cidade, que, pelo menos à uma primeira vista de Vena, não parecia exatamente o que ela chamaria de "caos". A cidade tinha, no entanto, um aspecto interessante, e digno de ser a cidade dos feiticeiros. Algumas construções se inclinavam para os lados, mas sem perder sua estabilidade, e o chão era coberto em diversos pontos por um pó brilhante curioso. Mas antes que Vena pudesse perguntar à Brom a origem de tais peculiaridades, ele a cutucou pelas costas e sussurrou quase num sopro ao seu ouvido:
- Siga até o fim desta rua, e quando chegar à Catedral de Selene, deusa da Lua, vire à esquerda e entre no beco lateral da igreja.
Enquanto caminhavam, Vena olhava à sua volta, maravilhada, mas evitava aparentar desinformação.
- Ali - apontou Brom - É a catedral.
- Mas está vazia!
- Sim, está tarde demais, mas a igreja funciona o tempo todo.
- O que vamos fazer lá? Eu não sou uma pessoa de fé. Deus não foi tão justo ao escolher matar meus pais e me jogar na rua aos 4 anos de idade. – E sua voz abaixava regularmente.
- Não, não, não. Ao lado da igreja, lembra-se? Veja - Brom apontou para um sobrado de pedras roxas - É lá que vamos. Amanhã terei muitas tarefas a fazer.
- Tarefas? - disse indignada.
- Sim, mas hoje vamos apenas descansar.
A única dentre as casas das proximidades em que havia pelo menos uma vela acessa era a que Brom havia lhe indicado. Eles seguiram então, por mais uns instantes, e perceberam que conforme passavam, eram observados por alguns cidadãos. Nada que chegasse a assustar, mas não lhes deixavam à vontade. Vena levantou a mão para bater na porta do que agora se revelara como uma estalagem, segundo dizia a antiga placa pendurada na entrada, mas ao aproximar sua mão, a porta rangeu sonoramente, e abriu alguns centímetros, fazendo a luz se espalhar pelo capacho.
- Entrem.
O ranger da porta acompanhou a entrada de Brom e Vena.
- Sorte que ainda temos um quarto livre. Os dois já podem subir.
- Mas quanto custa? - perguntou Vena.
- Brom é meu parceiro. Parceiros não cobram parceiros, certo?
A garota arregalou os olhos para Brom, assustada com a situação.
- Vena, este é Kriek, um velho amigo meu. Fico nesta estalagem quando venho à Erfenia.
- Ah, por isso ele sabe seu nome?
- Sim. Vamos lá para cima.
Os dois sobem as escadas, e ao chegarem ao quarto, Vena começa:
- Pensei que você fosse um nobre rico, este lugar não condiz com sua imagem.
Brom ri um pouco:
- Ah, acho que passo mesmo essa imagem "cordial". Sou um homem simples de gostos nobres, entende? Mas vamos ao que interessa. Por favor, não se incomode com a pequena bagunça, este quarto não é muito alugado e Kriek quase não o arruma. Acredito que aquela cama - e apontou uma pequena cama ao fundo do quartinho mal iluminado - deve servir para você, pelo menos por uma noite.
- Não se preocupe Brom, estou acostumada à simplicidade. – E sorriu sinceramente pela primeira vez em algum tempo.
Atravessou os objetos que estavam pelo chão, e chegou à cama. Brom aguardou que a garota se aconchegasse, ele apagou a vela e disse:
-Tire sua roupa, vadia.
- Durma bem. Hoje foi uma noite longa.
Os dois rapidamente caíram no sono. Nem mesmo a forte luz do sol atravessando pelos buracos na casa, convenientemente chamados de janelas, foi capaz de acordá-los. Vena só acordou devido ao machucado na perna do dia anterior, antes mesmo que se sentasse na cama dura da estalagem, pôs sua mão no corte como se fosse de alguma maneira suprimir a dor que sentia.
Ainda não tinha completo controle sobre seus movimentos, e eventualmente apertava demais, o que fazia doer ainda mais. Conforme recobrava a noção do mundo a seu redor, lembrou que na noite anterior, logo após retirar o frasco de sua bolsa, guardara-o inconscientemente, e que não teve outra chance de cuidar do ferimento. Levantou-se, e ergueu um pouco sua calça, apenas o suficiente para que pudesse vê-lo.
O frasco continha um líquido transparente, que passaria facilmente por água, mas era muito mais que isso. Fora uma vez, enquanto vagava em Súria por entre os destroços das casas, que uma senhora há muito tempo conhecida da garota entregou-lhe esse tal de frasco, que seria capaz de livrar dela qualquer sofrimento da carne, mas que aquilo que dói o coração, apenas Deus curaria.
Repetiu o movimento da noite passada, e retirou a rolha do frasco. Num impulso infantil, levou-o ao rosto, e sentiu seu cheiro. Lembrava-lhe Súria. Tinha cheiro acentuado de terra úmida depois de chuva, e Vena achou estranho que o líquido fosse transparente. Não tinha idéia alguma de como deveria ser aplicado, então, discretamente, rasgou uma ponta gasta do lençol da cama e molhou com o conteúdo do vidro.
- Bom dia – disse Brom entrando no quarto trajando roupas leves e sujas – dormiu bastante, hein?
- Bom dia – esfregava o tecido na perna em movimentos circulares
- Você está machucada? Quando foi isso?
- Foi aquele bicho que tava me perseguindo. Ele me arranhou.
- Parece dolorido – fez uma análise rápida, e em seguida seguiu para uma cômoda, de onde tirou a farda de guarda da Torre do Norte.
- E você, porque acordou tão cedo? - perguntou Vena.
- Ah, fui resolver uns assuntos, nada importante - respondeu, esquivando-se da pergunta.
- É algo particular? Ou eu posso saber? - insistiu.
- Na verdade não, mas não é nada importante. Agora, você deve se aprontar logo. Vamos comer alguma coisa e vamos sair.
- Mas sair pra onde? Eu não tenho exatamente o que fazer agora - disse, enquanto enfaixou a perna com faixas que carregava na bolsa.
- Depois eu digo, preciso me vestir também. Apresse-se, estarei te esperando lá embaixo.
Vena não tinha muito que fazer para se arrumar, apenas tinha uma muda de roupa. Era uma jaqueta curta de couro que se prolongava pelos braços até chegar nos pulsos, onde uma pelugem de urso preenchia a barra, a camisa que vestia por baixo era amarelada e com tecido um pouco grosso, e nas pernas vestia uma calça justa presa a um cinto de fivela enferrujada. Estavam no outono, e mesmo que fosse verão, não teria outra opção para vestir.
Desceu as escadas, e apesar de sua rapidez, Brom já a aguardava com a porta aberta. Passou ligeira, despediu-se do balconista e seguiu Brom para a rua. O sol brilhou forte sobre seus cabelos avermelhados e lisos, e seus olhos levaram algum tempo para se acostumar à claridade. A luz tornou seus traços visíveis à Brom, que não havia notado que seus olhos eram claros, e muito verdes. A garota tinha feições finas, labios salientes, mas apesar da aparência de durona, era inocente.
- Vena, eu recomendo que você vá à praça central - e apontou para uma grande multidão à frente da catedral - Mas à essa hora é muito cheio, então, se você quiser dar um passeio pela cidade enquanto isso...
- Ah, tudo bem. Eu vou dar um passeio por este outro lado então - e apontou para o lado oposto, muito mais calmo.
- Eu vou indo então, tenho que resolver alguns assuntos. Mais tarde talvez até possamos almoçar juntos.
- Mas que assuntos...?
- Depois a gente se fala, até mais tarde.
- Até... - Vena ainda tinha muitas dúvidas a respeito de Brom.
Vena curvou sua cabeça por toda a vista que tinha daquela paisagem urbana e ao mesmo tempo mística. Erfenia era muito diferente de Súria. As casas eram todas grudadas umas nas outras, como se fossem uma mesma construção, uma torta construção. Algumas casas tinham toldos de tecidos amarelados pendurados em suas varandas, enquanto outras tinham cores azuladas e pequenos caixotes de madeira com frutas coloridas e diferentes das que conhecia.
Maravilhada, Vena começou a andar com um entusiasmo que nunca tinha sentido antes. Algo naquela cidade a alegrava muito. O que mais achava engraçado, é que nessa cidade, as pessoas não tinham em suas caras estampados o cansaço e tédio do dia-a-dia. Na Súria, as pessoas se vestiam com tons de amarelo e marrom, enquanto em Erfenia, ela via pessoas de azul, outras de branco, outras de branco com azul, e pareciam todos comunicativos e receptivos.
Avistou numa esquina, ao longo de uma janela de madeira, e abaixo de um grande toldo, um amontoado de coisas como panelas, potes e cobertores de lã. Esse cantinho lembrou o que chamava de lar em Súria, por onde passou tantos anos, apesar de uma vida quase nômade em busca de comida. Mas o clima da cidade quebrou as memórias de Vena. Ali era tudo mais belo e mágico.
A garota começou a andar inconscientemente, tentando recordar de outras coisas sobre sua infância, seus pés não mais a levavam para onde ela desejava mas para qualquer direção, recordava sobre Súria, e as casas de telhados coloridos exibiam grandes placas com anúncios de ferreiros e alfaiates, recordava sobre sua viagem, e o chão estava coberto com folhas secas e muito alaranjadas que caíram com o outono, e sobre seus pais, a garota recobrou a consciência. Olhava para os lados para lembrar-se onde estava, e como havia chegado ali. Procurou pelo lado em que haviam mais pessoas. Virou-se, e decidiu seguir por uma rua mais movimentada. Olhava agora para as pessoas, e percebeu que era olhada também, mas quando buscou esses olhares, estes, esconderam-se, e Vena prestou alguma atenção a mais em um homem usando um elmo muito limpo, porém visivelmente gasto, ligeiramente coberto por um capuz, e com uma grande cicatriz no olho esquerdo. O homem a encarou, mas com o movimento das pessoas, sumiu de sua vista quase que com um movimento desumano.
"aquele homem não parece ser daqui", pensou, e continuou a caminhada. Ao longe, avistou um espaço circular que as casas circundavam, viradas em direção ao centro, onde caminhavam várias pessoas. Algumas gritavam promoções por meio dos ruídos do comércio. Chegou perto de uma pessoa que parecia um guarda, devido à roupa, e perguntou:
- O-olá, eu sou... - despreparada, Vena gagueja.
- Somos de Súria, senhor. Viemos como refugiados. – interrompe rapidamente Brom.
- Sim, sou Vena. E este é...
- Frederic.
- Podem passar, mas estaremos de olho em vocês. Estamos vivendo tempos de guerra, a cidade está um caos.
Os dois seguiram para o interior da cidade, que, pelo menos à uma primeira vista de Vena, não parecia exatamente o que ela chamaria de "caos". A cidade tinha, no entanto, um aspecto interessante, e digno de ser a cidade dos feiticeiros. Algumas construções se inclinavam para os lados, mas sem perder sua estabilidade, e o chão era coberto em diversos pontos por um pó brilhante curioso. Mas antes que Vena pudesse perguntar à Brom a origem de tais peculiaridades, ele a cutucou pelas costas e sussurrou quase num sopro ao seu ouvido:
- Siga até o fim desta rua, e quando chegar à Catedral de Selene, deusa da Lua, vire à esquerda e entre no beco lateral da igreja.
Enquanto caminhavam, Vena olhava à sua volta, maravilhada, mas evitava aparentar desinformação.
- Ali - apontou Brom - É a catedral.
- Mas está vazia!
- Sim, está tarde demais, mas a igreja funciona o tempo todo.
- O que vamos fazer lá? Eu não sou uma pessoa de fé. Deus não foi tão justo ao escolher matar meus pais e me jogar na rua aos 4 anos de idade. – E sua voz abaixava regularmente.
- Não, não, não. Ao lado da igreja, lembra-se? Veja - Brom apontou para um sobrado de pedras roxas - É lá que vamos. Amanhã terei muitas tarefas a fazer.
- Tarefas? - disse indignada.
- Sim, mas hoje vamos apenas descansar.
A única dentre as casas das proximidades em que havia pelo menos uma vela acessa era a que Brom havia lhe indicado. Eles seguiram então, por mais uns instantes, e perceberam que conforme passavam, eram observados por alguns cidadãos. Nada que chegasse a assustar, mas não lhes deixavam à vontade. Vena levantou a mão para bater na porta do que agora se revelara como uma estalagem, segundo dizia a antiga placa pendurada na entrada, mas ao aproximar sua mão, a porta rangeu sonoramente, e abriu alguns centímetros, fazendo a luz se espalhar pelo capacho.
- Entrem.
O ranger da porta acompanhou a entrada de Brom e Vena.
- Sorte que ainda temos um quarto livre. Os dois já podem subir.
- Mas quanto custa? - perguntou Vena.
- Brom é meu parceiro. Parceiros não cobram parceiros, certo?
A garota arregalou os olhos para Brom, assustada com a situação.
- Vena, este é Kriek, um velho amigo meu. Fico nesta estalagem quando venho à Erfenia.
- Ah, por isso ele sabe seu nome?
- Sim. Vamos lá para cima.
Os dois sobem as escadas, e ao chegarem ao quarto, Vena começa:
- Pensei que você fosse um nobre rico, este lugar não condiz com sua imagem.
Brom ri um pouco:
- Ah, acho que passo mesmo essa imagem "cordial". Sou um homem simples de gostos nobres, entende? Mas vamos ao que interessa. Por favor, não se incomode com a pequena bagunça, este quarto não é muito alugado e Kriek quase não o arruma. Acredito que aquela cama - e apontou uma pequena cama ao fundo do quartinho mal iluminado - deve servir para você, pelo menos por uma noite.
- Não se preocupe Brom, estou acostumada à simplicidade. – E sorriu sinceramente pela primeira vez em algum tempo.
Atravessou os objetos que estavam pelo chão, e chegou à cama. Brom aguardou que a garota se aconchegasse, ele apagou a vela e disse:
-
- Durma bem. Hoje foi uma noite longa.
Os dois rapidamente caíram no sono. Nem mesmo a forte luz do sol atravessando pelos buracos na casa, convenientemente chamados de janelas, foi capaz de acordá-los. Vena só acordou devido ao machucado na perna do dia anterior, antes mesmo que se sentasse na cama dura da estalagem, pôs sua mão no corte como se fosse de alguma maneira suprimir a dor que sentia.
Ainda não tinha completo controle sobre seus movimentos, e eventualmente apertava demais, o que fazia doer ainda mais. Conforme recobrava a noção do mundo a seu redor, lembrou que na noite anterior, logo após retirar o frasco de sua bolsa, guardara-o inconscientemente, e que não teve outra chance de cuidar do ferimento. Levantou-se, e ergueu um pouco sua calça, apenas o suficiente para que pudesse vê-lo.
O frasco continha um líquido transparente, que passaria facilmente por água, mas era muito mais que isso. Fora uma vez, enquanto vagava em Súria por entre os destroços das casas, que uma senhora há muito tempo conhecida da garota entregou-lhe esse tal de frasco, que seria capaz de livrar dela qualquer sofrimento da carne, mas que aquilo que dói o coração, apenas Deus curaria.
Repetiu o movimento da noite passada, e retirou a rolha do frasco. Num impulso infantil, levou-o ao rosto, e sentiu seu cheiro. Lembrava-lhe Súria. Tinha cheiro acentuado de terra úmida depois de chuva, e Vena achou estranho que o líquido fosse transparente. Não tinha idéia alguma de como deveria ser aplicado, então, discretamente, rasgou uma ponta gasta do lençol da cama e molhou com o conteúdo do vidro.
- Bom dia – disse Brom entrando no quarto trajando roupas leves e sujas – dormiu bastante, hein?
- Bom dia – esfregava o tecido na perna em movimentos circulares
- Você está machucada? Quando foi isso?
- Foi aquele bicho que tava me perseguindo. Ele me arranhou.
- Parece dolorido – fez uma análise rápida, e em seguida seguiu para uma cômoda, de onde tirou a farda de guarda da Torre do Norte.
- E você, porque acordou tão cedo? - perguntou Vena.
- Ah, fui resolver uns assuntos, nada importante - respondeu, esquivando-se da pergunta.
- É algo particular? Ou eu posso saber? - insistiu.
- Na verdade não, mas não é nada importante. Agora, você deve se aprontar logo. Vamos comer alguma coisa e vamos sair.
- Mas sair pra onde? Eu não tenho exatamente o que fazer agora - disse, enquanto enfaixou a perna com faixas que carregava na bolsa.
- Depois eu digo, preciso me vestir também. Apresse-se, estarei te esperando lá embaixo.
Vena não tinha muito que fazer para se arrumar, apenas tinha uma muda de roupa. Era uma jaqueta curta de couro que se prolongava pelos braços até chegar nos pulsos, onde uma pelugem de urso preenchia a barra, a camisa que vestia por baixo era amarelada e com tecido um pouco grosso, e nas pernas vestia uma calça justa presa a um cinto de fivela enferrujada. Estavam no outono, e mesmo que fosse verão, não teria outra opção para vestir.
Desceu as escadas, e apesar de sua rapidez, Brom já a aguardava com a porta aberta. Passou ligeira, despediu-se do balconista e seguiu Brom para a rua. O sol brilhou forte sobre seus cabelos avermelhados e lisos, e seus olhos levaram algum tempo para se acostumar à claridade. A luz tornou seus traços visíveis à Brom, que não havia notado que seus olhos eram claros, e muito verdes. A garota tinha feições finas, labios salientes, mas apesar da aparência de durona, era inocente.
- Vena, eu recomendo que você vá à praça central - e apontou para uma grande multidão à frente da catedral - Mas à essa hora é muito cheio, então, se você quiser dar um passeio pela cidade enquanto isso...
- Ah, tudo bem. Eu vou dar um passeio por este outro lado então - e apontou para o lado oposto, muito mais calmo.
- Eu vou indo então, tenho que resolver alguns assuntos. Mais tarde talvez até possamos almoçar juntos.
- Mas que assuntos...?
- Depois a gente se fala, até mais tarde.
- Até... - Vena ainda tinha muitas dúvidas a respeito de Brom.
Vena curvou sua cabeça por toda a vista que tinha daquela paisagem urbana e ao mesmo tempo mística. Erfenia era muito diferente de Súria. As casas eram todas grudadas umas nas outras, como se fossem uma mesma construção, uma torta construção. Algumas casas tinham toldos de tecidos amarelados pendurados em suas varandas, enquanto outras tinham cores azuladas e pequenos caixotes de madeira com frutas coloridas e diferentes das que conhecia.
Maravilhada, Vena começou a andar com um entusiasmo que nunca tinha sentido antes. Algo naquela cidade a alegrava muito. O que mais achava engraçado, é que nessa cidade, as pessoas não tinham em suas caras estampados o cansaço e tédio do dia-a-dia. Na Súria, as pessoas se vestiam com tons de amarelo e marrom, enquanto em Erfenia, ela via pessoas de azul, outras de branco, outras de branco com azul, e pareciam todos comunicativos e receptivos.
Avistou numa esquina, ao longo de uma janela de madeira, e abaixo de um grande toldo, um amontoado de coisas como panelas, potes e cobertores de lã. Esse cantinho lembrou o que chamava de lar em Súria, por onde passou tantos anos, apesar de uma vida quase nômade em busca de comida. Mas o clima da cidade quebrou as memórias de Vena. Ali era tudo mais belo e mágico.
A garota começou a andar inconscientemente, tentando recordar de outras coisas sobre sua infância, seus pés não mais a levavam para onde ela desejava mas para qualquer direção, recordava sobre Súria, e as casas de telhados coloridos exibiam grandes placas com anúncios de ferreiros e alfaiates, recordava sobre sua viagem, e o chão estava coberto com folhas secas e muito alaranjadas que caíram com o outono, e sobre seus pais, a garota recobrou a consciência. Olhava para os lados para lembrar-se onde estava, e como havia chegado ali. Procurou pelo lado em que haviam mais pessoas. Virou-se, e decidiu seguir por uma rua mais movimentada. Olhava agora para as pessoas, e percebeu que era olhada também, mas quando buscou esses olhares, estes, esconderam-se, e Vena prestou alguma atenção a mais em um homem usando um elmo muito limpo, porém visivelmente gasto, ligeiramente coberto por um capuz, e com uma grande cicatriz no olho esquerdo. O homem a encarou, mas com o movimento das pessoas, sumiu de sua vista quase que com um movimento desumano.
"aquele homem não parece ser daqui", pensou, e continuou a caminhada. Ao longe, avistou um espaço circular que as casas circundavam, viradas em direção ao centro, onde caminhavam várias pessoas. Algumas gritavam promoções por meio dos ruídos do comércio. Chegou perto de uma pessoa que parecia um guarda, devido à roupa, e perguntou:
- O que é aquele lugar ali?
- É a praça central.
- Então ... aqui é o centro de Erfenia? - percebeu que havia andado e voltado para perto do beco.
- Obviamente.
Ainda interessada, olhou para o guarda esperando um complemento.
- A praça da catedral é um ponto turístico da cidade, aqui periodicamente acontecembukkakes eventos que atraem pessoas de todo o reino. Pena que nesses tempos que estamos vivendo, as pessoas preferem ficar na segurança de suas casas.
- Entendo, não tiro a razão delas - disse, e reparou que peculiares postes de iluminação feitos de finos troncos retorcidos de árvores estavam distribuidos pela praça e pelas ruas.
Enquanto eles conversavam, subitamente os anuncios de comerciantes, as músicas e os ruídos que anteriormente dominavam a praça, foram substituidos por gritos desesperados e por correria. O guarda rapidamente correu para ver do que se tratava, e teve certa dificuldade para transpassar a multidão que corria na direção contrária. Agora com o elmo reluzindo ao sol, quele mesmo homem encapuzado de antes erguia a espada ao ar e gritava palavras indistinguíveis à Vena, devido à distância. A espada se destacou em suas mãos, com uma leve aura avermelhada em sua lâmina, e o homem a fincou fortemente no chão, causando algo que pareceu um leve terremoto, mas que foi suficiente para romper o chão onde ele estava.
- Vocês morrem hoje! - urrou enlouquecido, e desta vez ergueu a espada com uma das mãos apenas e posicionou a outra à frente de seu peito.
Antes que Vena pudesse ver o que o estranho estava para fazer desta vez, ela notou que um número considerável de pessoas vestidas com capas longas se aproximavam do homem. Todos os que corriam assumiram uma posição em volta do homem que estava prestes a fazer algo grandioso, eis que dois dos homens parados levantam suas mãos ao ar e gritam em unissom:
- Tres Impetum!
E do solo de ladrilhas saem troncos finos de árvores retorcidas que envolvem o homem. Rapidamente, o homem está preso por entre os galhos, e preso, derruba sua espada reluzente, que lentamente perde seu brilho.
Os outros homens que corriam para o estranho, chegaram perto dele e um deles aproximou-se do homem, passou levemente sua mão para retirar o elmo, e com a outra mão, estendeu seu dedo indicador junto ao dedo médio na testa do homem, que franzia as sobrancelhas e gritava:
- Erfenia cairá! Vocês todos são reles humanos que se dizem desenvolvidos. Vartendur há de julgar todos!
E com uma voz calma e serena, o homem com o dedo tocando a fronte do delinquente diz:
- Sopor
Instantaneamente, o homem se calou, e sua cabeça caiu sobre os galhos que o seguravam. Vena ficou perplexa diante de tudo. Não conseguia entender como um homem pode provocar um terremoto apenas com sua espada, e o que aquelas pessoas acabaram de fazer. Percebendo que agora o homem estava sendo carregado para fora da praça, Vena, assim como parte das pessoas que permaneceram estavam por lá, seguiram o grupo que o carregava. Logo à frente, a jovem notou uma grande construção de aspecto antigo, com grandes portões de ferro abertos, cercada por um alto muro.
Do meio das grades se prolongava um curso de pedra rodeado por grama. Acima se lia gravado numa placa de metal “Escola de Feitiçaria de Erfenia”. E foi por lá que o grupo entrou, enquanto alguns deles ficaram para fora, afastando as pessoas curiosas. Diziam que a situação fora normalizada.
Ao lado das grades, haviam grandes muros de tijolos antigos, e nestes, jazia uma placa feita de prata com palavras que, devido à distância, não podiam ser lidas. Vena se aproximou da placa, e pôde ler os seguintes dizeres : "Volentes enim discere, portas istas semper aperta" Vena tentava decifrar as palavras, mas decididamente não conhecia aquela língua. Sem perceber, foi se inclinando para frente, como se chegar mais perto da frase fosse fazê-la ficar clara. Subitamente, uma voz vinda de suas costas a surpreendeu.
- Olá, meu nome é Ícaro, sou o conselheiro de classe eleito pelos professores como melhor aluno da série D, posso ajudá-la? - disse um garoto desengonçado trajando um uniforme preto comprido e com detalhes azuis.
- Então ... aqui é o centro de Erfenia? - percebeu que havia andado e voltado para perto do beco.
- Obviamente.
Ainda interessada, olhou para o guarda esperando um complemento.
- A praça da catedral é um ponto turístico da cidade, aqui periodicamente acontecem
- Entendo, não tiro a razão delas - disse, e reparou que peculiares postes de iluminação feitos de finos troncos retorcidos de árvores estavam distribuidos pela praça e pelas ruas.
Enquanto eles conversavam, subitamente os anuncios de comerciantes, as músicas e os ruídos que anteriormente dominavam a praça, foram substituidos por gritos desesperados e por correria. O guarda rapidamente correu para ver do que se tratava, e teve certa dificuldade para transpassar a multidão que corria na direção contrária. Agora com o elmo reluzindo ao sol, quele mesmo homem encapuzado de antes erguia a espada ao ar e gritava palavras indistinguíveis à Vena, devido à distância. A espada se destacou em suas mãos, com uma leve aura avermelhada em sua lâmina, e o homem a fincou fortemente no chão, causando algo que pareceu um leve terremoto, mas que foi suficiente para romper o chão onde ele estava.
- Vocês morrem hoje! - urrou enlouquecido, e desta vez ergueu a espada com uma das mãos apenas e posicionou a outra à frente de seu peito.
Antes que Vena pudesse ver o que o estranho estava para fazer desta vez, ela notou que um número considerável de pessoas vestidas com capas longas se aproximavam do homem. Todos os que corriam assumiram uma posição em volta do homem que estava prestes a fazer algo grandioso, eis que dois dos homens parados levantam suas mãos ao ar e gritam em unissom:
- Tres Impetum!
E do solo de ladrilhas saem troncos finos de árvores retorcidas que envolvem o homem. Rapidamente, o homem está preso por entre os galhos, e preso, derruba sua espada reluzente, que lentamente perde seu brilho.
Os outros homens que corriam para o estranho, chegaram perto dele e um deles aproximou-se do homem, passou levemente sua mão para retirar o elmo, e com a outra mão, estendeu seu dedo indicador junto ao dedo médio na testa do homem, que franzia as sobrancelhas e gritava:
- Erfenia cairá! Vocês todos são reles humanos que se dizem desenvolvidos. Vartendur há de julgar todos!
E com uma voz calma e serena, o homem com o dedo tocando a fronte do delinquente diz:
- Sopor
Instantaneamente, o homem se calou, e sua cabeça caiu sobre os galhos que o seguravam. Vena ficou perplexa diante de tudo. Não conseguia entender como um homem pode provocar um terremoto apenas com sua espada, e o que aquelas pessoas acabaram de fazer. Percebendo que agora o homem estava sendo carregado para fora da praça, Vena, assim como parte das pessoas que permaneceram estavam por lá, seguiram o grupo que o carregava. Logo à frente, a jovem notou uma grande construção de aspecto antigo, com grandes portões de ferro abertos, cercada por um alto muro.
Do meio das grades se prolongava um curso de pedra rodeado por grama. Acima se lia gravado numa placa de metal “Escola de Feitiçaria de Erfenia”. E foi por lá que o grupo entrou, enquanto alguns deles ficaram para fora, afastando as pessoas curiosas. Diziam que a situação fora normalizada.
Ao lado das grades, haviam grandes muros de tijolos antigos, e nestes, jazia uma placa feita de prata com palavras que, devido à distância, não podiam ser lidas. Vena se aproximou da placa, e pôde ler os seguintes dizeres : "Volentes enim discere, portas istas semper aperta" Vena tentava decifrar as palavras, mas decididamente não conhecia aquela língua. Sem perceber, foi se inclinando para frente, como se chegar mais perto da frase fosse fazê-la ficar clara. Subitamente, uma voz vinda de suas costas a surpreendeu.
- Olá, meu nome é Ícaro, sou o conselheiro de classe eleito pelos professores como melhor aluno da série D, posso ajudá-la? - disse um garoto desengonçado trajando um uniforme preto comprido e com detalhes azuis.
-EXTRA:
Pdk - Ícaro é legal, ele faz fogo bonitão, vocês verão. E Brom é safado, eu disse '-'
Rick - A deusa Selene realmente existe, e pertence à Mitologia Grega.
Gostaria de agradecer ao Pdk pela paciência e por fazer a edição de 99.9% desse capítulo :D
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